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Empreendedorismo Domingo, 15 de Junho de 2025, 15:00 - A | A

Domingo, 15 de Junho de 2025, 15h:00 - A | A

AMOR & CONSERTOS

Do quintal de casa à vida inteira: casal empreende, cria filhas e vence o câncer junto

Juntos que Edvam e Priscila consertaram seu maior desafio: vencer um diagnóstico de três meses de vida

Isadora Sousa/VGN

No mês dos namorados, o mostra que casal que empreende junto permanece junto. Edvam de Oliveira, 57 anos, e sua esposa, Priscila Camargo, 51 anos, são casados há 36 anos, criaram e formaram três filhas e, agora, auxiliam na criação de um netinho — tudo isso fazendo o que amam, de dentro de sua própria casa.

Edvam trabalha há 25 anos com o conserto de eletrodomésticos. Natural de Dourados (MS), relatou que começou a realizar o trabalho em casa, consertando eletrodomésticos e eletrônicos de conhecidos e parentes e, com o sucesso, passou a atuar definitivamente no ramo.

Sua filha caçula, Karyne Camargo, contou que o pai aprendeu a profissão sozinho. Atualmente, a demanda do profissional é tão alta que alguns clientes precisam esperar de 15 a 20 dias para conseguir atendimento. “Hoje, a minha clientela é tão grande que, muitas vezes, eu tenho que recusar serviço ou jogar bem ‘pra frente’”, afirmou Edvam.

O trabalho do profissional é divulgado por indicação. Segundo ele, uma pessoa arruma um eletrodoméstico com ele e indica para um familiar. “O meu trabalho hoje é divulgado no ‘boca a boca’. Quem arruma alguma coisa comigo pede para colocar o meu número em grupos de condomínio e bairros, e eu deixo”, contou

Atualmente, a casa do profissional abriga uma pequena loja, onde ele guarda os eletrodomésticos e eletrônicos com os quais está trabalhando no momento. A loja de Edvam não é o único estabelecimento presente na residência. No quintal, também está localizado o ateliê de sua esposa, Priscila.

Priscila atua como costureira há 15 anos e, assim como o marido, começou por necessidade financeira e aprendeu a profissão sozinha. Apaixonada por artesanato, tem o ateliê como complemento de renda da residência.

Atualmente, Priscila trabalha apenas com consertos de roupas e pequenos reparos, por serem mais rentáveis financeiramente. Mas já chegou a trabalhar com roupas, figurinos de festa e balé. “Devido à desvalorização da mão de obra no comércio, eu resolvi seguir apenas com reparos e consertos, pois dá menos trabalho e mais lucro”, explicou.

Apaixonada pela profissão, Priscila começou em casa com uma máquina simples e, aos poucos, foi conquistando uma clientela, de forma similar à do marido. Realizava um conserto, conquistava o cliente pela qualidade, e esse cliente indicava outra pessoa para arrumar roupas com ela.

Priscila é natural de São Paulo e se mudou para Cuiabá com os pais aos 9 anos. Relatou que conheceu o marido no grupo de jovens da igreja que frequentavam.

A paulista relatou que, apesar de o artesanato ser pouco valorizado financeiramente, para ela vale muito a pena pelos clientes fiéis, parceiros no ramo e amizades conquistadas por conta da profissão. Além disso, vê a costura como uma terapia. Hoje, a renda do casal sustenta a casa onde moram, duas filhas e um neto. Levam uma vida confortável.

Formaram as filhas: Jakeline Camargo é formada em Turismo pelo Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT); Karolyne Camargo é formada em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e em secretariado Executivo pelo IFMT; e Karyne Camargo está cursando o último período de Cinema e Audiovisual, também na UFMT.

Foi graças ao núcleo familiar, à estabilidade financeira e ao amor à vida que Priscila conseguiu vencer um câncer.

Luta contra o câncer

Priscila foi diagnosticada com melanoma ocular, um câncer localizado atrás do olho esquerdo que, segundo os médicos, não podia ser operado. “Nós fomos ao médico e ele disse que ela tinha três meses de vida”, relatou Edvam.

Em 2021, ela foi ao médico com dor de dente, fez um raio-X e, ao não constar nada, o dentista optou por realizar outro exame de face completa — e lá estava um câncer do tamanho de uma laranja, atrás do olho.

A família, então, iniciou uma corrida contra o tempo para encontrar um oncologista que aceitasse tratar o caso dela. A maioria dos médicos se recusava, alegando que o câncer de Priscila já estava em estado terminal. Um cirurgião explicou que realizar a retirada do tumor seria um risco muito alto, pois ou ela seria condenada a um estado vegetativo — já que, além de precisar remover o nariz e o globo ocular, seria necessário retirar parte do cérebro — ou morreria na mesa de cirurgia.

Priscila lembrou que o médico a desenganou. “Ele me disse que eu só teria três meses, me perguntou o que eu mais gosto de fazer e eu falei que minha paixão era costurar. Ele, então, me falou para eu fazer isso pelos últimos três meses da minha vida”.

A ex-chefe de Karolyne, percebendo como a mãe da jovem estava abalada, indicou o irmão — que é oncologista — para que, ao menos, pudesse acompanhar Priscila durante esse período. Foi então que ela buscou o oncologista no Instituto de Tumores e Cuidados Paliativos de Cuiabá (ITC). “Chegando lá, ele me atendeu e passou o meu caso para um amigo dele, que fazia especialização em Barretos, e esse amigo começou a acompanhar meu caso”, relembrou.

O médico também afirmou que não havia muito o que poderia ser feito, mas aceitou acompanhar o caso. Priscila, a família e a comunidade religiosa à qual estão inseridos permaneceram orando, em busca de uma alternativa que mudasse seu diagnóstico.

Em Barretos (SP), onde o oncologista fazia especialização, havia sido lançado um tratamento agressivo, à base de cisplatina. O tratamento surgiu como uma alternativa — e uma resposta às orações. Mesmo com os riscos, Priscila e a família optaram por ser a primeira a realizar o tratamento paliativo à base do remédio, em Mato Grosso.

Priscila realizou 36 sessões do tratamento e, apesar dos riscos graves à saúde, conseguiu sair praticamente sem nenhuma sequela. “Minha esposa, graças a Deus, só perdeu um pouco do paladar, mas ela saiu ilesa de um câncer tão agressivo”, contou Edvam.

Priscila afirmou que, hoje, quando realiza sessões de ressonância, a única coisa que ainda consta é uma cicatriz no olho, como se tivesse realizado um procedimento cirúrgico — algo que nunca fez.

Edvam relatou que a família, a igreja e os amigos foram fundamentais nesse momento de atribulação. Mas o emprego e tudo o que conquistaram por meio de suas profissões também foram essenciais. “Durante essa fase, o que segurou a onda foi um pé de meia que fizemos ao longo dos anos. Claro que os familiares e amigos foram essenciais, mas essa reserva foi fundamental para passarmos por essa fase”, afirmou.

Hoje, Priscila está em remissão completa do câncer, mas segue em acompanhamento médico. Em fevereiro do ano que vem, completará cinco anos curada da doença.

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